World Cafés

World Cafés [Portugal entre Patrimónios] 
Ciclos de discussão centrado numa pergunta

Produção de um espaço de aproximação ao património intergeracional, com recurso a diálogos colaborativos através da aprendizagem, da experiência e da diversão.

Conceito

“Co-Laborar” é inventar, “fazer com” os outros. No “fazer com” não há distâncias ou isenção, sobretudo a mobilização das dimensões afetiva, cognitiva, háptica (tátil) e criativa, num encontro que pressupõe diálogo, reconhecimento e valorização mútua.[1]

Objetivo

Produzir um espaço de aproximação intergeracional ao património cultural, com recurso a diálogos colaborativos através da aprendizagem, da experiência e da diversão.

Descrição

“Co-Laborar” situa-se dentro das tendências contemporâneas de mediação cultural e de desenvolvimento de experiências que combinam, a diferentes escalas, várias disciplinas, (designadamente a arte), sociedade, território e competências sociais. Entendemos este projeto como uma prática dinâmica para pensar em grupo através de uma metodologia de livre acesso universal, denominada World Cafés.

Este processo favorece e incentiva o relacionamento criativo, criando redes que aproveitam e integram os contributos da inteligência individual e coletiva para responder a questões relevantes para as comunidades. O World Cafés privilegia a visão sistémica, usufruindo do método utilizado, de transversalidade e colaboração. Ao convidar as pessoas para conversas informais, como se estivessem numa mesa de café, estimula a criatividade, explora temas importantes para o grupo e cria espaço para que a inteligência coletiva possa emergir.

O World Cafés funciona com objetivos, com diretrizes específicas, com regras de participação e sujeito a questões muito claras no âmbito de uma temática definida a explorar.

Destinatários

Grupos e comunidades (tanto de artistas como de não-artistas) ou entidades que integrem, ou não, a rede [Portugal entre Patrimónios] e que considerem ter as condições necessárias à organização e ao desenvolvimento do projeto. Premissa básica do World Cafés é que todos tenham qualquer tipo de conhecimento para compartilhar. Cada um traz consigo as suas histórias, perspetivas, ideias e saberes.

Diretrizes

Ter um móbil claro para a reunião. Preparar um espaço recetivo e acolhedor. Reunir um conjunto de três questões relevantes e significativas para os participantes. Estimular as contribuições de todos. Relacionar as diferentes perspetivas. No final sumariar as conclusões e avaliar os resultados.

Regras de participação

  1. Fazer um convite breve, claro e preciso para o World Cafés, indicando a data, horário, o local e qual o tema geral da conversa (não as perguntas em si).
  2. Convidar um grupo mínimo de 9 pessoas em grupos de 3, 4 ou 5 pessoas por mesa, dependendo do total de participantes.
  3. As perguntas devem ser colocadas com clareza e rigor, de forma a estimularem o envolvimento dos participantes. As perguntas poderão começar por “O que”, “Como” ou “Qual”.
  4. Receber os participantes, dar-lhes as boas-vindas, ter as mesas preparadas com materiais para escrita e desenho. Cada mesa deverá ter, se possível, um quadro para tomar notas e desenhar esquemas.
  5. Duração máxima de 1h30, com 3 ciclos de discussão, cada um centrado numa pergunta.
  6. Cada mesa terá um moderador fixo. Os outros participantes circulam livremente entre mesas.
  7. O moderador informa os novos participantes na mesa sobre os principais tópicos e contributos da discussão anterior, pelo que é essencial o preenchimento do quadro já referido com esta informação.
  8. Todas as pessoas (para além do moderador) são incentivadas a escrever, desenhar e sumarizar as respetivas ideias no quadro ou nos diferentes suportes de escrita, no decorrer das conversas.
  9. A primeira pergunta é apresentada a todos os participantes e a discissão concretiza-se em pequenos grupos. A duração de cada ciclo é em média de 20 a 30 minutos.
  10. Ao finalizar o primeiro ciclo, o moderador permanece na mesa e os demais participantes são convidados a mudar aleatoriamente de mesa, num processo de interação.
  11. Terminado o segundo ciclo, repete-se o processo.
  12. Na medida em que os participantes trocaram de mesa, a distância entre eles diminuiu, conheceram-se, e o cruzamento criou redes de interação. Potenciou um ambiente de proximidade (nas mesas/subgrupos) e o envolvimento cresceu através das relações entre perspectivas distintas (em todo o grupo).
  13. No final dos três ciclos de discussão/debate sobre o tema definido, reúnem-se todos os participantes, geralmente dispostos num formato circular. O promotor do World Cafés faz a súmula das principais ideias que emergiram nos diferentes ciclos e mesas sobre o tema.

Escolha dos temas

O World Cafés funciona muito melhor com grupos em que as pessoas estejam verdadeiramente interessadas nos assuntos a debater. Assim, na escolha do tema e na formulação das perguntas, os organizadores devem respeitar as motivações da comunidade de acolhimento da iniciativa.

Contextualização temática

Tópicos relevantes como a ATENÇÃO, a GEOGRAFIA, a UTOPIA, a CRIAÇÃO, a ARTE, a COLABORAÇÃO, a GOVERNAÇÃO, a SUSTENTABILIDADE, a MUDANÇA. o MARKETING SOCIAL e o PATRIMÓNIO INTERGERACIONAL (entre outros) podem suscitar uma infinidade de temas atuais passíveis de serem debatidos através do enunciado de três perguntas.

Propõem-se cinco tópicos de enquadramento no âmbito da escolhatemática:

  1. A cada geração cabe formular perguntas, obter respostas e escrever a História. O património cultural resulta sempre de uma seleção ou de uma escolha.
  2. Todos os fenómenos atuais sofrem efeitos controversos determinados pela mundialização, pela desagregação da sociedade, pelas novas tecnologias da comunicação, pela alteração dos costumes, pelo consumo em massa e pelo desejo de afirmação do indivíduo.
  3. Estes fenómenos transformam as pessoas, as suas condições de vida, a capacidade e o modo de criação e de produção. Eles reformulam, as opções, as normas, os comportamentos, as tradições, as instituições e as identidades nas sociedades atuais. [2]
  4. O património cultural, as indústrias culturais e as artes cénicas têm como característica comum o seu significado como criação artística, sinal de uma identidade coletiva[3].
  5. Quando se fala de cultura, está-se a falar de pessoas e na sua capacidade de projetar, de criar, na sua relação com o quotidiano.

Contacto

lsaldanha@mnac.dgpc.pt
Dinamizadores: MNAC + CEJTM


[1] https://portalseer.ufba.br/index.php/revteatro/article/viewFile/20616/13242

[2] Saldanha, L. (2015). “ O PROJETO Desenvolvimento| Comunicação | Cultura”. Caleidoscópio, Lisboa.

[3] Prieto, L. (2001). “Economia del Patrimonio Histórico”. Revista ICE, nº 792, pp. 151- 167.